Um dos programas mais procurados pelos brasileiros como uma opção de morar fora do Brasil é o au pair. Se você já pensou em fazer intercâmbio, com certeza já se deparou com o termo e o questionamento implícito: “Quero ser um Au Pair”. Mas como e o que é ser um au pair? Por que se tornar um? A palavra au pair vem da língua francesa, que significa, ao par, igual ou em pé de igualdade; e sua origem aborda a realização de serviços em troca de benefício econômico, onde quem está prestando o serviço se torna membro da família.

O conceito surgiu na Europa, após a Segunda Guerra Mundial, devido à demanda de cuidados infantis pelas famílias de classes mais altas da época. O termo era estigmatizado, mas se tornou popular devido aos benefícios e mudanças culturais que isso provocou para as mulheres: aprender uma nova língua e trabalhar. Mas você sabe o que é preciso para ser um au pair? Eu quero ser au pair e sou um homem, existe au pair masculino? O Yázigi Travel fez um guia completo de como e o que é ser um au pair, veja mais nessa publicação: Entenda como funciona o programa de au pair nos EUA.

Hoje, a nossa equipe entrevistou o Au Pair Yázigi Travel, Lucas Souza (@lucaspoppins) , que está há um ano e meio em Baltimore, nos EUA , como au pair do Niko de 2 anos. Recentemente, o Lucas ficou entre os finalistas da premiação dos melhores au pairs do ano, feita pelo Programa Au Pair USA, a nossa organização parceira InterExchange.

Como você conheceu o programa de au pair?

Eu conheci o programa em 2013, através de colegas de trabalho que já haviam feito. Achei um vídeo do YouTube que estava entrevistando um ex-cliente do Yázigi Travel (veja o vídeo aqui) e comecei a pesquisar ainda mais. Sempre tive  vontade de viajar pelo mundo e só foi crescendo a cada vez que eu viajava pelo Brasil e conhecia pessoas do mundo todo ficando em hostels. No final de 2017, resolvi pagar a taxa do programa e me arriscar, apenas depois de quase zerar todos os vídeos sobre o programa no YouTube e conversar com amigos que já estavam aqui nos EUA.

Com o que você trabalhava aqui no Brasil?

Eu era professor de inglês em uma escola de idiomas.

Como a sua família reagiu quando ficou sabendo da sua vontade de realizar esse programa?

Meus pais ficaram ao meu lado, mas um pouco sem entender o motivo pelo qual eu estava deixando meus dois empregos de quase seis anos para trás. Acho que a melhor forma de mostrar aos familiares do que se trata o programa é envolvê-los do início do processo ao fim. Acredito que as pessoas não devam ficar entre nós e nossos sonhos, independente se são nossos amigos, família ou amores.

Bebês e crianças são espontâneos. Como foi a sua primeira interação com o filho da família? Teve alguma coisa marcante ou só houve interação mesmo nos momentos seguintes?

Minha host mom foi a pessoa que me buscou, e até então, não sabia direito como lidar. Fomos para casa e me mostraram meu quarto e o Niko ainda estava dormindo. Quando nos encontramos pela primeira vez, parecia que eu já conhecia aquele menino há anos. E o que marcou pra mim, foi que comemos pães de queijo juntos no primeiro dia.

Você iria morar um tempo razoável nos EUA, por que decidiu ficar com a mesma família durante esse período?

Ter encontrado uma família tão boa e com uma criança só foi um divisor de águas no quesito “devo ficar, estender ou trocar de família”. Eles me deram um mês de férias para visitar o Brasil, no final de 2018. O que mostrou que eles se preocupam comigo, me deixando confortável para fazer a extensão por mais 12 meses. Me sinto confortável com eles desde quando cheguei, em julho de 2018. E sempre dou a dica de que não importa o tempo que gaste para achar uma família e dar um match, escolha uma família que já te deixe confortável desde o início.

A troca cultural, no meu caso, tem sido um sucesso. Primeiro, pelo fato de eu sempre me colocar em uma posição em que eu realmente quero aprender algo novo, seja conversando com a host family sobre o sistema político, a realidade (precária) de alguns serviços americanos, frequentando aulas de teatro de improviso ou simplesmente indo à igreja. E tanto os pais, quanto o meu host kid, têm aprendido muita coisa do Brasil. Tanto que eles já até sabem algumas melodias de músicas infantis brasileiras. Ouvir meus hosts cantarolando “Soco Bate Vira” não tem preço.

Está ensinando alguma palavra em português para o host kid? Quais palavras ele já aprendeu?

Meu host kid tem aprendido algumas coisas em português, mas nunca me senti confortável em falar apenas em português com ele, eu queria, no começo, que ele me entendesse rápido. E isso resultou em ele já ter aprendido todo o alfabeto em letra maiúscula e minúscula e estar contando com o meu apoio até o número 50.

Parabéns, você foi destacado como um dos melhores au pairs de 2019 do programa Au Pair USA! Por que acha que te escolheram como um dos finalistas?

Acredito que todas as coisas que eu tenho ensinado ao Niko foram os maiores motivos pelos quais a minha host family me inscreveu para concorrer ao prêmio de  “AuPair of the Year”. Mesmo não tendo ganhado, aqui em casa dizemos: “Nós sabemos quem é o melhor. Não é o concurso que vai dizer isso”.

Acredita que au pairs têm algum impacto no desenvolvimento das crianças que participam do programa ? E por quê?

Com certeza! Temos um impacto muito grande na vida delas. Algumas não possuem tanto contato com os pais e sofrem com essa ausência e temos o papel de ensinar a muitos deles a base de uma boa educação. E eles fazem a gente enxergar o mundo de outra perspectiva, o que nos leva a um crescimento pessoal muito grande. E para ser au pair, é necessário muito altruísmo, criatividade e paciência. Essas três qualidades te salvarão durante o intercâmbio. Se possível, seja bom em comunicação, mesmo que o seu inglês não seja perfeito.

E qual impacto isso já produziu em você?

Tenho dado o meu melhor, então, tenho recebido o melhor.

Como e o que é ser um Au Pair?

Ser au pair é ter muita paciência e ser flexível, mas ao mesmo tempo não deixar que a língua te coloque em uma posição inferior a ninguém. É buscar se levantar toda vez que algo te coloca para baixo. E uma das coisas mais importantes é que você tem que aprender a fazer a sua voz ser ouvida, para que consiga conquistar as coisas que você quer (seja um schedule bom, uma comida, etc).

Dê dicas para quem já está trabalhando como au pair.

O que eu deixo como conselho e dicas? Levante a cabeça. Não aguente nada calado. Você não está sozinho, sua agência, coordenadora e até o governo americano está ao seu lado. As pessoas não podem vir para cá achando que está tudo bem se as pessoas passarem por cima das regras do programa. Pelo contrário, elas estão erradas e precisamos nos unir para mostrar as coisas negativas que acontecem no programa, para que o programa fique ainda melhor. E a última coisa, nunca se espelhe na experiência do outro. Viva a verdade, que a verdade voltará até você!

Dê dicas de como se destacar no vídeo de divulgação e nas entrevistas.

Seja verdadeiro durante o seu processo. Seja criativo ao fazer o vídeo (fui escolhido pela minha família por causa do meu vídeo). O fato de eu ter sido professor de musicalização infantil em uma pré-escola me ajudou muito. Sempre fui muito palhaço e tentava ser o mais criativo durante as minhas aulas, para criar coisas diferentes.

Para encerrarmos, a família já te deu algum feedback? O que eles falaram?

Minha host family diz me amar! Já falaram para amigos próximos que não saberiam o que teriam feito nesses quase 19 meses sem a minha presença. Ouvir da host mom “tive que ligar para o meu melhor amigo para dizer que você é o melhor”, não tem preço.

 

 

O Lucas ganhou um prêmio porque teve o reconhecimento da sua host family e aprendizados que vão moldar o que ele vai fazer daqui para frente. Você sabia que o Brasil é o segundo país que mais envia au pairs para os EUA? Se você também quer fazer parte disso, fale conosco. Enquanto isso, assista ao vídeo de inscrição do Lucas e se inspire nessa aventura!

 

Fotos: perfil pessoal

 

 

Texto por Flávia Soares